Em meio a toda a realidade que estamos enfrentando por conta do Coronavírus, uma das coisas que mais está impactando nossas comunidades paroquiais é o fato de não podermos nos reunir. É impressionante como agora ficou explícito o quanto éramos presentes na vida uns dos outros e da Igreja.
Com toda certeza, muitos sacerdotes devem estar sentido a profunda falta que faz ver as salas do centro pastoral com os agentes reunidos, a secretaria paroquial cheia de pessoas buscando atendimento, a agenda da paróquia com os casamentos e batizados marcados. E principalmente o centro da vida cristã: a Santa Missa acontecendo em nossas comunidades.
Mas o que podemos aprender com tudo isso? Como podemos reagir diante de tal situação? Separei alguns aspectos importantes que devemos considerar neste momento. Confira!
A Igreja é e sempre será mãe!
Sempre me senti filho da Igreja e assim sei que muitos de nós nos sentimos da mesma forma. Ao longo da existência humana, a Igreja sempre foi local seguro para que a humanidade encontrasse conforto e esperança. Em meio às guerras, perseguições, doenças, etc. Ela sempre esteve conosco.
Neste momento não pode ser diferente! É preciso que a humanidade continue a testemunhar à força da família de Deus. É impressionante como nossos bispos, sacerdotes e povo de Deus têm rapidamente reagido diante da batalha que se trava contra este vírus. Continuemos assim. Deus sabe que pode contar conosco e com sua Igreja.
A crise que nos mostrou que o ordinário é extraordinário
Tenho visto muitos católicos questionar a real necessidade de parar de acontecer as Celebrações Eucarísticas. Entendo cada uma delas e reconheço que é admirável a fé na Eucaristia e o quanto o povo de Deus ama Jesus Eucarístico. Mas trago aqui uma reflexão, em meio a tudo o que estamos vivendo.
Este tempo atual está nos levando a uma experiência inesquecível, e quando falo inesquecível é de forma positiva. Podemos aproveitar tudo isso para crescermos na devoção e piedade à Eucaristia. Podemos aprender o quanto aquilo que parecia ordinário em nossa vida, é algo extraordinário, é milagroso, é fundamental, é essencial!
Basta lembrarmos dos nossos muitos irmãos que já há muito tempo não tem o privilégio que nós, até poucos dias atrás, tínhamos: sair de nossas casas e participar de uma “simples Missa”.
O vírus que nos tirou das quatro paredes do Templo
Muitas comunidades estão buscando encontrar uma solução para estar presente na vida do povo. O Papa Francisco já nos pedia uma ‘Igreja em saída”, Os últimos papas já nos falavam da “Igreja doméstica”. Agora mais do que nunca essa vivência cultural da evangelização faz muito sentido.
Nosso centro pastoral, nosso templo, nossa sacristia, nossa secretaria paroquial, nosso confessionário precisaram mudar de endereço. Agora esses locais se resumem a um único lugar: “nosso lar”.
Católicos: a Igreja é vossas casas, a Igreja é cada um de vocês!
Não podemos perder a oportunidade de ampliar nossa visão estratégica da evangelização. Definitivamente somos uma Igreja impulsionada – mesmo que por um vírus – a sermos uma Igreja em saída! Que momento único para nós!
O sentido de pertença
Quantas vezes ministrei o Curso Dízimo & Evangelização e falei da necessidade de uma evangelização que precisa gerar no povo o sentido de pertença. Agora, mais do que nunca, isso faz muito sentido. Toda essa distância do Templo, pode ser um ótimo momento para provar o quanto nos sentimos pertença à Igreja e o quanto nossa vida pastoral é importante para nossas vidas.
Vejo muitas pessoas se lamentando que não poderão participar da Santa Missa, indo às reuniões. Aquele velho ditado vem a tona “só sentimos falta de algo quando perdemos”. Mas calma. Não perdemos nada! Só estamos vivendo um momento em que reconhecemos que na verdade sempre tivemos conosco um valioso tesouro e que permanece em nossas mãos. Somos uma família. A família de Deus!
Uma evangelização centrada na pessoa e nas famílias
Neste momento, podemos aprender muito com o esvaziamento das nossas Igrejas, nossa evangelização precisa ser centrada nas pessoas e nas famílias. Apesar de usarmos o digital, tema que falo a seguir, nosso olhar agora se volta a pensar na evangelização focada nas pessoas. Quantas estão sozinhas e preocupadas em suas casas. Quantas famílias estão reunidas como nunca estiveram.
Este é o momento da Igreja ser presença. Isso irá exigir de nós muito esforço e criatividade, já que não podemos sair fisicamente e ir ao encontro. Aí está mais uma coisa que vamos aprender com tudo isso.
Sair ao encontro do outro nunca foi tão importante e nunca fomos impedidos por força exterior como hoje estamos sendo. Antes, éramos motivados a ir ao encontro do outro, mas nós mesmos nos impedíamos de ir, criando inúmeros motivos. Agora queremos ir e não podemos!
A evangelização pelo digital nunca foi tão importante
Trabalho com comunicação católica há mais de 10 anos, e um dos grandes desafios sempre foi conscientizar da necessidade de evangelizar pelo meio digital. Nossa Igreja precisa amadurecer muito nisso, principalmente no investimento financeiro e profissional.
Neste tempo, podemos testemunhar o quanto essa estratégia evangelizadora é importante. Mas não nos enganemos! Ela sempre foi fundamental! Não é de agora que as pessoas se sentem solitárias em seus lares. Mais uma coisa que o Coronavírus está nos ensinando.
A Evangelização nos meios digitais não é uma modinha, é uma necessidade. Tenho certeza que esta crise é mais uma oportunidade na evangelização do que uma ameaça. Basta escolhermos em qual lado vamos colocá-la!
Jean Ricardo
Empreendedor na evangelização, apaixonado por planejamento e marketing digital. É CEO da Dominus Evangelização e Marketing, comanda o time de evangelizadores. O seu coração está na evangelização!
4 Comments
Que material ESPETACULAR!!!
preciso de auxilio nesse aspecto. Comunicacao carolica.
Prezados, boa tarde.
Amei a alusão à “IGREJA EM SAÍDA’. É o que eu defendo. E acho que esse é o momento. Estou na Pastoral do Dízimo da minha Paróquia, em uma pequena cidade do interior do Rio de Janeiro, lugar onde nasci e me criei. Minha família trabalhou na construção e zelou pela Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, Paróquia do mesmo nome. Nem sei se alguém vai ler esse meu comentário, mas eu precisava externar o meu pensamento. A maioria das pessoas católicas do lugar são, como eu, de mais idade. Eu estou fazendo hoje 70 anos e grande parte da comunidade católica daqui é um pouco mais nova e um significativo número até mais anosa.
Sou professora aposentada e trabalho em Gestão da Assistência Social em municípios da Região há 30 anos. Confesso que tenho dificuldades nesse quesito de comunicação digital, embora trabalhe o tempo todo com essas ferramentas. A comunidade aqui tem um perfil simples, humilde, e o acesso à tecnologia digital seria oneroso para uma maioria. Será que alcançar apenas uma parcela das famílias, seria justo? Não estaríamos excluindo ao invés de incluir?
Ola Angelina bom dia!
Aqui é o Jean, quem escreveu o Artigo. Fico feliz com o seu retorno.
Acredito que não podemos apenas trabalhar com o digital, é preciso unir as duas coisas. A comunicação offline (fora do ambiente digital) e a online. É nisso que acredito.
Mas o seu exemplo é para mim um testemunho, que pessoas com mais idade estão conectadas mesmo com as dificuldades próprias da geração.
Espero te ajudado você!