O leigo é uma das diversas vocações na Igreja, tão necessária quanto qualquer uma delas. Portanto, o apostolado do leigo na Igreja é indispensável.
Ele é chamado a ser “o sal da terra” e “a luz do mundo”. Para que assim, “brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,13-16).
Sendo assim, o leigo deverá dar testemunho, pela palavra e pela vida, da mensagem de Jesus Cristo na realidade em que se encontra, no seu cotidiano.
Portanto, é por meio do apostolado leigo que a Igreja está presente nos mais diversos ambientes da sociedade. É o leigo quem semeia pelo mundo, com suas atitudes, os valores cristãos e se empenha na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, como Deus deseja.
Dentro da sua comunidade, o leigo se dedica a diversas funções, entres elas o serviço aos pobres, a catequese, ou como ministro extraordinário da Sagrada Eucaristia, na liturgia, etc.
Afinal, como membros ativos, os leigos deverão participar dos conselhos pastorais e econômicos da sua paróquia. Por isso, o Concílio Vaticano II, tornou evidente que a Igreja valoriza o leigo tanto quanto a vocação sacerdotal, conferindo-lhe a mesma dignidade.
Desse modo, em 1965 o Papa Paulo VI publicou o decreto Apostolicam Actuositatem. Desse documento, extraímos 10 coisas que você precisa saber sobre o apostolado do leigo na Igreja. Confira!
1. O Espírito Santo infunde nos leigos as virtudes evangélicas para que possam assumir com unção sua missão
“O apostolado exercita-se na fé, na esperança e na caridade, virtudes que o Espírito Santo derrama no coração de todos os membros da Igreja” (Apostolicam Actuositatem, n. 3).
Além disso, o próprio amor de Deus estimula os leigos à sua gloriosa missão, que é “trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens” (Apostolicam Actuositatem, n. 3).
Portanto, para que exerça este apostolado, o Espírito Santo concede ao leigo dons particulares “distribuindo-os a cada um conforme lhe apraz” (1Cor 12,11).
Neste sentido, o autor bíblico orienta: “Como bons dispensadores das diversas graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu” (1Pd 4,10).
A recepção destes carismas, “confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de os atuar na Igreja e no mundo, para o bem dos homens e a edificação da Igreja” (Apostolicam Actuositatem, n. 3).
2. A fonte do apostolado leigo na Igreja é o próprio Cristo
“A fonte e origem de todo o apostolado da Igreja é Cristo. Sendo assim, é evidente que a fecundidade do apostolado dos leigos depende da sua união vital com Cristo” (Apostolicam Actuositatem, n. 4).
“Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).
Para estreitar essa união com Cristo, o leigo buscará seu alimento espiritual com uma participação cada vez mais ativa na Sagrada Liturgia. Somente assim desempenhará corretamente sua missão, sem separar da sua própria vida a união que têm com Cristo.
Desta maneira, estarão realizando suas funções de acordo com a vontade de Deus. “É por este caminho que os leigos devem avançar na santidade com entusiasmo e alegria, esforçando-se por superar as dificuldades com prudência e paciência” (Apostolicam Actuositatem, n. 4).
Nada deve atrapalhar sua vida de intimidade com Deus. “Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser” (At 17,28).
“Esta vida exige o exercício constante da fé, da esperança e da caridade. Só com a luz da fé e a meditação da palavra de Deus pode alguém reconhecer sempre e em toda a parte a Deus, (…) ver Cristo em todos os homens” (Apostolicam Actuositatem, n. 4).
3. O Amor de Deus torna o leigo capaz das bem-aventuranças
Impelidos pelo Amor do próprio Deus, o leigo deve praticar o bem a todos, sem distinção. Deve agir assim, rejeitando “toda malícia, toda astúcia, fingimentos, invejas e toda espécie de maledicência” (1 Pd 2,1). Portanto, é dessa forma que atraem os homens para Cristo.
É o amor de Deus que foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5,5) que “torna os leigos capazes de exprimir em verdade, na própria vida, o espírito das bem-aventuranças” (Apostolicam Actuositatem, n. 4).
Logo, seguindo as pegadas de Cristo, o leigo não deve se deixar abater pela falta de bens temporais e muito menos se vangloriar com a sua abundância. Ao contrário, devem viver “fomentando entre si a amizade cristã, prestam-se mutuamente ajuda em todas as necessidades” (Apostolicam Actuositatem, n. 4). Sempre procurando agradar mais a Deus do que aos homens.
4. Maria é o modelo a ser seguido
O modelo perfeito para a espiritualidade e vida apostólica do leigo é a Virgem Maria. Nesta terra, ela teve uma vida semelhante à de Jesus, sempre unida a Ele e de modo singular cooperou na Sua obra de Salvação.
Assim deve ser todo leigo!
Estando na glória de Deus, Maria cuida com amor materno de todos os fiéis “que entre perigos e angústias, peregrinam ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada” (Apostolicam Actuositatem, n. 4).
Por isso, com sua própria vida o leigo presta um culto cheio de devoção e confiança em sua solicitude materna.
5. Cabe ao leigo elucidar os princípios cristãos no mundo
O apostolado leigo não consiste apenas no testemunho da vida. O verdadeiro cristão aproveita todas as oportunidades para anunciar a Palavra de Deus a todos. “Quer aos não crentes para os levar à fé, quer aos fiéis, para os instruir, confirmar e animar a uma vida fervorosa” (Apostolicam Actuositatem, n. 6).
Vivemos em um mundo onde a todo instante surgem novos problemas e se difundem ideias errôneas que ameaçam arruinar a religião, a ordem moral e a própria sociedade humana.
Contudo, é nesse meio que o leigo é chamado a desempenhar “com mais diligência a parte que lhes cabe na elucidação, defesa e reta aplicação dos princípios cristãos” (Apostolicam Actuositatem, n. 6).
No coração do todo leigo deve ecoar as palavras do Apóstolo Paulo “ai de mim, se não evangelizar” (1Cor 9,16).
6. A caridade é o distintivo do apostolado leigo na Igreja
O leigo jamais pode renunciar às obras de caridade.
“A misericórdia para com os pobres e enfermos e as obras de caridade e de mútuo auxílio para socorrer as múltiplas necessidades humanas são pela Igreja honradas de modo especial” (Apostolicam Actuositatem, n. 8).
“Onde quer que se encontrem homens a quem faltam sustento, vestuário, remédio, trabalho, instrução (…) aí os deve ir buscar e encontrar a caridade cristã” (Apostolicam Actuositatem, n. 8).
É o próprio Cristo que o leigo deve enxergar na pessoa dos necessitados, por isso que “não se deixe manchar a pureza de intenção com qualquer busca do próprio interesse ou desejo” (Apostolicam Actuositatem, n. 8).
Além disso, o leigo deverá “suprimir as causas dos males, e não apenas os seus efeitos”. De tal modo que aquele que foi alvo da caridade consiga se libertar aos poucos da sua miséria.
7. Os leigos devem exercer um apostolado de semelhante para com semelhante
Nos ambientes em que vivem – escola, trabalho, casa, lazer, etc – os leigos são os mais aptos a ajudar os seus irmãos. Nesses meios, eles “completam o testemunho da vida pelo testemunho da palavra” (Apostolicam Actuositatem, n. 13).
“Os leigos realizam esta missão da Igreja no mundo, antes de tudo, por aquela coerência da vida com a fé, pela qual se tornam luz do mundo” (Apostolicam Actuositatem, n. 13). De que modo? O Documento cita alguns exemplos:
- “Pela honestidade nos negócios, com a qual todos atraem ao amor da verdade e do bem e, finalmente, a Cristo e à Igreja”.
- Pela caridade fraterna que, “fazendo-os participar das condições de vida, trabalhos, sofrimentos e aspirações de seus irmãos, prepara todos os corações para a ação da graça salutar”.
- “Por aquela plena consciência da participação que devem ter na construção da sociedade”. Consciência que os leva a se esforçarem por desempenhar com generosidade cristã seus compromissos domésticos, sociais e profissionais. “Assim, o seu modo de agir penetra pouco a pouco no meio de vida e do trabalho”.
O apostolado leigo deve abranger todas as pessoas, de igual para igual, em todos os ambientes, sem “excluir nenhum bem espiritual ou temporal que possam fazer” (Apostolicam Actuositatem, n. 13).
8. Com a Palavra de Deus edificam a Igreja, santificam o mundo e o vivificam em Cristo
Proclamando a Palavra de Deus “os leigos anunciam a Cristo, expõem a Sua doutrina, difundem-na segundo a sua própria condição e capacidade, e professam-na com fidelidade” (Apostolicam Actuositatem, n. 16).
Como cidadãos do mundo, na vida familiar, profissional, cultural e social, devem buscar à luz da fé, normas de ação mais elevadas. E assim, “manifestá-las aos outros oportunamente, conscientes de que assim se tornam cooperadores de Deus criador, redentor e santificador, e Lhe dão glória” (Apostolicam Actuositatem, n. 16).
“Lembrem-se todos que pelo culto público e pela oração, pela penitência, pelos trabalhos e livre aceitação das agruras da vida (…) podem contribuir para a salvação de todo o mundo” (Apostolicam Actuositatem, n. 16).
9. É necessário que o leigo seja formado para a sua missão
“A plena eficácia do apostolado só se pode alcançar com uma formação multiforme e integral” (Apostolicam Actuositatem, n. 28).
“A preparação para o apostolado supõe uma formação humana completa e adaptada à maneira de ser e circunstâncias próprias de cada um. Com efeito, o leigo, conhecendo bem o mundo atual, deve ser um membro da sociedade em que vive e ao nível da sua cultura” (Apostolicam Actuositatem, n. 29).
Por primeiro, o leigo deve compreender que é o Espírito Santo quem o leva a realizar a sua missão. O Espírito nos unge para amar a Deus e, Nele, o próximo. Esta compreensão “deve ser considerada como fundamento e condição de todo e qualquer apostolado fecundo” (Apostolicam Actuositatem, n. 29).
A Igreja deve fornecer ao leigo “uma sólida preparação doutrinal, teológica, ética e filosófica”, de acordo com sua idade, condição e capacidade.
Além disso, para que o leigo possa cultivar as boas relações humanas “é necessário promover os valores verdadeiramente humanos”.
O caminho começa “pela arte de conviver e cooperar fraternalmente, bem como a de estabelecer diálogo com os outros” (Apostolicam Actuositatem, n. 29).
10. O apostolado leigo na Igreja deve ser exercido com generosidade
A Igreja estimula que todos os leigos “respondam com decisão de vontade, ânimo generoso e disponibilidade de coração à voz de Cristo” (Apostolicam Actuositatem, n. 30).
Este chamado deve ser recebido com alegria e generosidade.
É o próprio Cristo quem os chama para que se unam a Ele cada vez mais intimamente, “e se associem à Sua missão salvadora”.
É Ele quem os envia a todos os lugares, para que “se tornem verdadeiros cooperadores de Cristo, trabalhando sempre na obra do Senhor com plena consciência de que o seu trabalho não é vão” (Apostolicam Actuositatem, n. 33).
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Gisa Prado
Jornalista de formação, com longa experiência na produção de conteúdos para meios de comunicação católico.
Atualmente compõem a equipe de Redação na Dominus Evangelização e Marketing. Seu coração está na evangelização!
2 Comments
Gostei muito da postagem, parabéns!
Parabéns, importante conteúdo para que nós leigos saibamos de nossa Missão na Igreja de Jesus Cristo.